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quarta-feira, agosto 16, 2017

Bukowski, escritor da marginalidade

Henry Charles Bukowski Jr (nascido Heinrich Karl Bukowski; Andernach, 16 de agosto de 1920 — Los Angeles, 9 de março de 1994)

Título:original  Morre Bukowski, escritor da marginalidade
Data: 12/Mar/94
Autor: José Roberto Campos
Editoria: Mundo
Folha de São Paulo.

O escritor norte-americano Charles Bukowski morreu anteontem aos 73 anos, de câncer, na cidade de San Diego (EUA). Autor de mais de 40 livros, Bukowski ficou famoso por descrever uma vida de alcoolismo, vagabundagem e sexo em romances como "Notas de um Velho Safado", "Crônica de um Amor Louco" e "Cartas na Rua" (veja ao lado quais foram publicados no Brasil). Em 1991, escreveu o roteiro do filme "Barfly - Condenados pelo Vício", dirigido por Barbet Schroeder, em que Mickey Rourke representa o próprio escritor.
Bukowski nasceu na Alemanha, em Andernach, e foi para os EUA aos dois anos. Trabalhou como balconista e carteiro, entre outras profissões. Começou a carreira literária como poeta. Fez parte da geração "beatnik", que exaltava a vida desregrada que escritores mais velhos como Dylan Thomas, Henry Miller e William Burroughs tiveram ou tinham. Durante muitos anos, Bukowski teve uma coluna no jornal "Open City" de Los Angeles, um jornal "underground" que dava total liberdade para ele escrever. Esses textos foram reunidos em "Notas de um Velho Safado". Seu primeiro romance é "Cartas na Rua", de 1971.

Como "beat", Bukowski defendia o ato de viajar -com pouco dinheiro- como uma expressão da liberdade. De sua viagem para o sul dos EUA fez "Factotum"; de uma estadia em Nova York, fez "Nova York, 95 cents ao dia". Bukowski se dizia misógino, e as mulheres em seus livros são apenas participantes de atos sexuais. Sobre sua relação com elas escreveu "Mulheres" e um de seus livros mais conhecidos, "Crônica de um Amor Louco", que foi filmado pelo cineasta italiano Marco Ferreri, com Ornella Muti como protagonista. O livro é escrito sem maiúsculas no início dos períodos, o que Bukowski repetiu algumas vezes. Seu estilo é telegráfico, com forte influência do cinema, e propositadamente desordenado.



Em 1990 foi publicado no Brasil seu livro "Hollywood", em que satiriza a vida das estrelas de cinema. Entre os personagens, Jean-Luc Modard era uma caricatura do cineasta francês Jean-Luc Godard, e , do ator Mickey Rourke.
Cinco anos atrás, Bukowski processou um bar holandês que levava seu nome. Em entrevista na mesma época, disse: "10% do que escrevo é eterno, 25% é merda".

FRASES


O cara sóbrio que, dia após dia, escova os dentes, vai ao banheiro, dirige seu carro, esse cara só tem uma vida, entende? Mas o homem que bebe tem duas. E é durante essa segunda vida que faço meu trabalho de escritor."
"Detesto Hollywood, detesto atores, detesto cinema."
"Basicamente é por isso que escrevo: para salvar meu rabo do hospício, das ruas, de mim mesmo."
"Não entendo por que dizem que sou misógino. Odeio as mulheres tanto quanto odeio os homens. Odeio as mulheres porque odeio a raça humana."
"A cama é uma das maiores invenções do homem."
"Deus é um anzol no céu."
"Escrevo intencionalmente um monte de merda, para me exercitar. Eu diria que 75% do que escrevo é bom; 40%, 45% é excelente; 10% é imortal; e 25% é merda. A soma deu 100%?"
"Sou um velho doente. Doente e indecente.


'Barfly' retratou vida do escritor

"Detesto atores", disse Bukowski em entrevista. O ódio virou romance em "Hollywood", sátira do escritor aos bastidores da filmagem de "Barfly - Condenados pelo Vício" (1987), cujo roteiro fez. O filme, dirigido por Barbet Schroeder, trouxe Mickey Rourke -representando um "alter ego" de Bukowski- e Faye Dunaway como protagonistas. Em "Hollywood", Rourke foi caricaturizado como Jack Bledsoe. Outros personagens do livro são Wenner Zerzog e Jon-Luc Modard -os cineastas Werner Herzog e Jean-Luc Godard.
Outro filme adaptado de Bukowski foi "Crônica de um Amor Louco", dirigido por Marco Ferreri em 1982, com Ornella Muti e Ben Gazzara nos papéis principais.


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